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[Coluna] A rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford

Bette Davis e Joan Crawford foram duas das maiores estrelas de Hollywood de todos os tempos.  As duas ficaram imortalizadas tanto por suas atuações nas telas, quanto por suas brigas e desentendimentos fora delas.

Bette Davis nasceu Ruth Elizabeth Davis em 1908 em Massachusetts. Estreou na Broadway em 1929 e em 1932 assinou um contrato com a Warner. Teve uma próspera carreia na década de 1930, ganhando dois prêmios Oscar, um em 1935 por “Perigosa” e outro em 1938 por “Jezebel”. Durante a década de 1940 atuou em inúmeros filmes, incluindo “A estranha passageira” (1941), que contém uma de suas frases mais famosas: “Jerry, don’t let’s ask for the moon. We have the stars.”

O contrato de Bette com a Warner terminou em 1949, mas no ano seguinte ela ressurgiu no papel que lhe deu mais uma indicação ao Oscar, Margo Channing no aclamado “A Malvada”. Sua carreira continuou próspera até o fim da década, quando sofreu mais um declínio. Nos anos 1960 voltou em “O que terá acontecido a Baby Jane” e até o fim da década de 1970 atuou vigorosamente em filmes e na televisão.

Joan Crawford nasceu Lucille Le Seur em 1905 no Texas. Em 1925 chegou à Hollywood e foi forçada por Louis B Mayer, o presidente da MGM, a trocar seu nome por um de maior apelo ao público, tornando- se Joan Crawford. Com a MGM atuou em inúmeros filmes ao longo dos 18 anos de contrato. Assinou com a Warner em 1943 e dois anos depois ganhou um Oscar por “Almas em suplício” e continuou a fazer filmes de sucesso no estúdio, como “Precipícios D´alma” em 1952 e “Johnny Guitar” em 1954. Sua carreira ganhou fôlego em 1962 com o sucesso de “O que terá acontecido a Baby Jane” e continuou atuando até 1970. Não teve filhos biológicos, mas adotou quatro, dois dos quais foram excluídos de seu testamento, Christina e Christopher Crawford. Após sua morte, Christina publicou “Mommie Dearest” um livro que se tornou best-seller e que descreve o comportamento abusivo de Joan como mãe. O livro deu origem ao filme de mesmo nome com Faye Dunaway no papel de Joan.

É verdade que Hollywood sempre manteve segredos bem guardados, mas o ódio que as estrelas Bette Davis e Joan Crawford nutriam uma pela outra não era um deles. Não se sabe ao certo o que deu início a essa famosa e lendária rixa, mas um primeiro palpite seria que ambas eram grandes estrelas nos anos 30 e 40 e competiam por papéis principais. Bette era a estrela da Warner, enquanto Joan era a menina dos olhos da MGM. As duas nunca se gostaram, e apesar de terem muito em comum, viviam dando declarações de mau gosto sobre a outra. Bette, com anos de experiência no teatro, costumava dizer que Joan, que tinha sido dançarina antes de atuar, não tinha talento e baseava sua carreira na beleza. Podia ser dor-de-cotovelo, já que beleza não era mesmo o forte de Bette, mas a verdade é que ambas eram excelentes atrizes, cada uma à sua maneira.

Davis sempre foi a mais linguaruda e de sua autoria são frases como esta sobre a rival: “Eu sou tão boa em interpretar malvadas porque eu realmente não sou uma… é por isso que a Srta. Crawford sempre interpreta as boazinhas”. E continuou declarando: “Ela já dormiu com todos os astros da MGM, exceto a Lassie”.

Em 1961, o diretor Robert Aldrich queria reunir duas atrizes veteranas para seu filme e cogitou Davis e Crawford. Joan imediatamente disse que era impossível, afinal, como iriam estar interessados em duas coroas passadas do ponto? Bette ficou enfurecida e mandou uma nota para a rival pedindo que ela nunca mais se referisse a ela nesses termos. Mas era verdade. Estavam interessados nas duas, que foram escaladas para estrelar o aclamado clássico “O que terá acontecido à Baby Jane?” (What ever happened to Baby Jane, 1962).  Bette é a Baby Jane do título, uma ex-estrela infantil em decadência e à beira da loucura. Joan é sua irmã Blanche, presa a uma cadeira de rodas.

 O filme deu novo fôlego à carreira das duas e se tornou um clássico, mas as filmagens foram um show à parte, tão bom quanto o produto final. Na primeira rodada, Joan exigiu um camarim maior. Bette retrucou dizendo que camarins grandes não fazem bons filmes. Na segunda rodada, Joan que era viúva do presidente da Pepsi, instalou uma máquina da bebida no estúdio. No dia seguinte, Bette não deixou por menos e mandou instalar uma máquina da concorrente Coca-Cola, bem ao lado. Numa das cenas em que Jane maltrata sua irmã, dizem que Davis realmente chutou Crawford, para dar mais realismo, o que não ficou por menos. No dia seguinte, Joan colocou pesos em suas roupas para a cena em que Jane tinha de arrastar Blanche pelo chão. Conclusão: Bette deu um jeito na coluna e teve de se ausentar das gravações por três dias. O filme estreou em 1962, recebendo ótimas críticas e impulsionado pela curiosidade de assistir nas telas a batalha da vida real entre as atrizes. As duas foram indicadas a vários prêmios, mas Bette levou uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Como não havia sido indicada, Joan entrou em contato com as outras indicadas, se oferecendo para aceitar o prêmio no dia da cerimônia. Dito e feito. No grande dia, Bette perdeu o prêmio para Anne Bancroft por “O Milagre de Anne Sullivan” e Joan aproximou se da rival, apenas disse “Com licença” e subiu ao palco para aceitar o homem dourado em nome da atriz.

Com o sucesso de “Baby Jane”, o diretor planejou uma seqüência, novamente com as duas atrizes.  Elas assinaram contratos e após poucos dias de filmagens, Joan Crawford passou mal e teve de ser internada. Quando souberam que ela não poderia voltar ao set, resolveram achar uma substituta. Chamaram Vivien Leigh, mas Bette disse que não estava interessada em trabalhar com a mulher que havia roubado o papel que ela tanto quis – o de Scarlett O ´Hara em “E o vento levou”.  Bette exigiu outra atriz e o papel acabou nas mãos da companheira de cena de Vivien no clássico de 1939, Olivia de Havilland que entrou de vez no lugar de Joan, gravemente doente. Nas fotos publicitárias, Davis fez questão de aparecer segurando uma Coca-Cola, para irritar Crawford. A briga continuou, até que em 10 de Maio de 1977, aos 73 anos, Joan faleceu. Bette declarou:” Não se deve falar mal de quem já se foi, só se deve falar coisas boas, como : “Que bom, Joan Crawford morreu!”“. A vez de Bette, chegou em 6 de Outubro de 1989.

A rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford não era apenas marketing para promover seus filmes, o ódio era recíproco. Além de imortalizadas por suas atuações nas telas, o comportamento das duas fora delas, chamava atenção e permanece até os dias de hoje como uma das maiores rivalidades da história do cinema.

POR DANIELA MONTICO

7 comentários em “[Coluna] A rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford

  1. Parabéns , pela reportagem. Acabei de assistir Mamaezinha Querida . Ótimo texto.

  2. Não acredito que a briga entre as duas chegou a esse ponto. mas não podemos negar o imenso talento das duas estrelas.

  3. Seu artigo é ótimo. Me perdoe fazer uma única ressalva. O suposto “ódio” entre as duas é infundado e bastante discutível. Ambas, com suas fortes personalidades, com certeza tinham a língua bastante afiada. Entretanto, nas suas autobiografias, ambas desmentiram várias frases, alegando que muitas das ofensas publicadas como sendo de uma para a outra, foram atribuídas a elas, porém não eram de suas autorias. Eu, particularmente, creio que essas duas grandes mulheres, de talento e garra inegáveis tem aspectos muito mais interessantes do que as picuinhas das quais participaram efetivamente e nas tantas outras nas quais foram envolvidas. Afinal, como disse Bette, “Envelhecer não é para maricas!” – e elas envelheceram lindamente.

  4. […] que não sei em quê acreditar!):  Dizem que Davis tinha inveja de Joan, que era uma mulher linda. Dizem que Joan tinha inveja de Davis, que era muito talentosa. Dizem que Joan estava apaixonada por Davis, que nunca retribuiu suas investidas. Dizem que Joan e […]

  5. ACABEI DE ASSITIR MAMAEZINHA QUERIDA ,NAO CONHECIA ESTE LADO DOENTIO DE JOAN.TRISTE HISTORIA DE VIDA.

  6. Vivien Leigh preferia Bette Davis à Joan Crawford,de modo que eu acho que elas não deveriam se dar mal por causa da escolha de Vivien para ser Scarlett,então acho que Bette não deve ter falado nada,porque Vivien não gostava de muito de fazer filmes.

  7. Por favor, é público e sabido que o livro de Cristina Crawford contém uma profusão de alegações mentirosas e fatos que só aconteceram em sua imaginação cruel e gananciosa. As filhas gêmeas de Joan Crawford vieram a público desmentir essas inverdades e o irmão manteve-se nunca emitiu qualquer comentário sobre esse livro tosco. Me pergunto, por que Cristina não publicou esse livro enquanto sua mãe era viva. Antes disso, se realmente ela sofreu todos os abusos que descreve, ela teve a oportunidade de denunciar a mãe enquanto ela era viva, para que fosse justamente responsabilizada por qualquer ato violento, ilegal ou indevido que ela supostamente tenha tomado! Ao invés disso, ela preferiu esperar a mãe não estar mais viva poara se defender e publicou essa pérola, que virou até filme. Estranho não acham?

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